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2023
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sobre
Real Maravilhoso ou Realismo Mágico? O curso, proposto e conduzido pela historiadora e roteirista Isabella Poppe, busca diferenciar essas duas poéticas através de um mergulho na produção audiovisual latino-americana contemporânea que, ao promover o encontro entre o real e o extraordinário, potencializa suas narrativas através de uma perspectiva própria do sul global.
Observando como essas poéticas ajudaram a construir significados para uma nova identidade latino-americana, Isabella trabalha a maneira como elas se inserem no cinema atual da região, buscando ampliar as possibilidades criativas de construção do roteiro de um filme em diálogo com linguagens e realidades da América Latina.
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conceito
Se o realismo mágico surgiu como um fenômeno da literatura latino-americana em meados do século passado para caracterizar as obras inovadoras de escritores como o argentino Jorge Luis Borges, o guatemalteco Miguel Ángel Asturias e o mexicano Juan Rulfo, tomando emprestada uma expressão cunhada pelo crítico de arte alemão Franz Roh, foi o cubano Alejo Carpentier que, em 1949, publica um manifesto defendendo uma nova teoria chamada por ele de “o real maravilhoso”, em que estimulava os narradores a se voltarem para o mundo latino-americano, cujo potencial de prodígios sobrepujava em muito a fantasia e a imaginação europeia.
Neste sentido, o Real Maravilhoso surgiu como um contraponto às narrativas hegemônicas formuladas no norte global e propunha uma nova forma de olhar para a realidade ao redor, questionando a validade das oposições: real e irreal, natural e sobrenatural, ciência e magia, ao mesmo tempo em que se voltava para as temáticas próprias da América Latina. Também o cinema se apropriou do gênero e filmes que se caracterizam pelos elementos extraordinários, pelo tempo não linear, em transformar vivências comuns em sobrenaturais e inserir outras cosmovisões dentro da própria realidade, tem despontado na cinematografia latino-americana em anos recentes.
A partir dessa visão transgressora – que enxerga e insere na própria realidade o maravilhoso, o insólito, o sobrenatural – é possível expandir nossa percepção do real, dos fluxos da vida, do cotidiano e do corriqueiro. Permite contar histórias universais através de outros prismas, que expressem a complexidade do mundo latino-americano e impulsione a construção de outros mundos possíveis – e plurais.
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conteúdo e formato
Os encontros combinam momentos expositivos, análise de filmes, exercícios e participação coletiva, percorrendo diferentes intersecções entre Real Maravilhoso, América Latina e Cinema. As pessoas participantes terão acesso gratuito a todos os materiais de estudo descritos abaixo.
Encontro 1
Da invenção da América a ideia de América Latina.
Latinidade, colonialismo e a busca pela construção de uma identidade latino-americana.
Surgimento, expoentes literários e características do Real Maravilhoso latino-americano como contraponto às narrativas hegemônicas do norte global.
Debates contemporâneos sobre a América Latina: Nuestra América Negra e Abya Yala.
O multiculturalismo latino-americano no filme Los viajes del viento.
Filmografia de referência: Los Viajes del Viento (Ciro Guerra, Colômbia, 2009).
Encontro 2
Exibição seguida de debate do filme Bretón es un bebé (Arturo Sotto, Cuba/Brasil, 2008).
O Real, o Mágico, o Fantástico e o Maravilhoso no cinema latino-americano.
As principais características do Real Maravilhoso para a construção do roteiro, suas aproximações e diferenças com a narrativa clássica cinematográfica, utilizando filmes latino-americanos contemporâneos como referência.
A expansão do real em O Abraço da Serpente (Ciro Guerra, Colômbia, 2016).
Proposta de exercício para o próximo encontro.
Filmografia de referência:
A Terra e a Sombra (Cesar Augusto Acevedo, Colômbia, 2015);
El Gran Movimiento (Kiro Russo, Bolívia, 2021);
Los Decentes (Lukas Valenta, Argentina, 2016);
Uma Mulher Fantástica (Sebastián Lelio, Chile, 2017);
O Abraço da Serpente (Ciro Guerra, Colômbia, 2016).
Encontro 3
Análise do filme Ceniza Negra (Sofía Quirós, Costa Rica, 2019) pelas lentes do Real Maravilhoso
Comentários sobre o exercício proposto no encontro anterior.
Povos originários e o Real Maravilhoso no cinema.
As feridas coloniais e o Real Maravilhoso no cinema.
Filmografia de referência:
A Teta Assustada (Claudia Llosa, Peru, 2009);
A Febre (Maya Da-rín, Brasil, 2019);
La Llorona (Jayro Bustamante, Guatemala, 2021);
Libório (Nino Martinez Sosa, República Dominicana, 2021)
Clara Sola (Nathalie Álvarez Mésen, Costa Rica, 2022)
Encontro 4
Estudo de caso do filme Los Silencios (Beatriz Seigner, Brasil / Colômbia / França, 2019), analisando o filme a partir da construção do roteiro desde o primeiro tratamento até sua versão final.
A importância da pesquisa e de uma postura ética para a construção de uma poética do Real Maravilhoso no cinema.
Afinal, o Real Maravilhoso é descolonizante?
Novas reflexões sobre a América Latina, suas unidades culturais e seus mundos possíveis.
Filmografia de referência:
Los Silencios (Beatriz Seigner, Brasil / Colômbia / França, 2019);
Açúcar (Renata Pinheiro e Sergio Oliveira, Brasil, 2017);
Matar a un muerto (Hugo Giménez, Paraguai, 2019).
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quem ministra
Isabella Poppe é historiadora e roteirista, doutoranda em História Social pela UFRJ, formada em Roteiro Audiovisual pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro e pós-graduada em Dramaturgia pela Universidad Nacional de las Artes, em Buenos Aires. Participou da equipe de roteiro da série A Garota da Moto, finalista do prêmio ABRA. Em 2015, ganhou o edital Rumos Itaú Cultural para escrever o roteiro de longa Aqueles Olhos de Carvão Aceso, finalista no Prêmio Cabíria 2017 com uma menção honrosa do Canal Curta. Em 2020, foi novamente finalista do Prêmio Cabíria com o piloto de série Bandoleiras, projeto premiado no Concurso Novos Roteiros da OEI de 2020 e atualmente em fase de desenvolvimento com as produtoras Limonada e Tem Dendê. Foi roteirista freelancer na produtora Deserto Filmes e realizou os curtas ""Para Tetê"" (2015), ""Legionárias"" (2020) e ""A História É Nossa"" (2021). É colaboradora no Cineclube Cinelatino e foi uma das roteiristas selecionadas para o Talents Buenos Aires 2022.
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para quem
O curso é voltado para cineastas, roteiristas, críticos e todas as pessoas interessadas em cinema que busquem adquirir novas ferramentas para desenvolver projetos audiovisuais próprios e expandir sua criatividade.
O conteúdo apresentado, no entanto, é de grande interesse para pesquisadoras e curiosas em história e cultura da América Latina e pessoas engajadas no debate sobre a construção de uma identidade latino-americana por meio da arte e da cultura.
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formato
No Marieta todas as aulas virtuais acontecem ao vivo (aulas síncronas), com interação constante entre docentes e alunes.
Para participantes que, por ventura, perderem um ou mais encontros as aulas ficarão gravadas e disponibilizadas online para poderem ser assistidas em até 10 dias após o fim do curso.
O curso conta com 04 encontros virtuais de 2h horas cada, totalizando 8 horas.
Ao final da série de conferências, as pessoas participantes receberão um certificado do curso, emitido pelo Marieta.
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investimento
R$ 290,00 – Valor Ideal
R$ 230,00 – Valor Reduzido
R$ 520,00 - Valor Solidário
podendo ser parcelado em até 4x no cartão de crédito, sem juros \o/
O curso é um projeto realizado inteiramente de maneira auto-organizada, com recursos próprios e em colaboração.
Acreditamos que a valorização da vida cultural da sociedade seja de responsabilidade de todas as pessoas, cada uma contribuindo segundo as suas possibilidades.
A contribuição ideal corresponde ao valor cheio que consideramos adequado para participar.
O valor reduzido é reservado para todas aquelas pessoas que querem contribuir para a realização dos encontros, mas não podem pagar o valor inteiro.
O valor solidário é para quem sente que pode contribuir mais, cobrindo assim, além de sua inscrição, os custos de uma bolsa para quem não pode pagar.
Reservamos 20% das vagas do curso para bolsistas. Na escolha das candidaturas, daremos prioridade para pessoas negras; indígenas; LGBTQIA+; periféricas; em situação de vulnerabilidade social.
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