tempos temerários
No dia 19 de outubro de 2017, quinta-feira, das 19h às 22h, o Marieta organiza o primeiro encontro público e gratuito Tempos Temerários. O encontro, organizado por Abilio Guerra, Ana Roman, Giovanni Pirelli e Patrícia Freitas, terá como enfoque o clima recente de agressiva contestação às práticas artísticas no Brasil. ____________________ Diante dos recentes acontecimentos relativos ao encerramento prematuro da exposição Queermuseu – Cartografia da Diferença na Arte Brasileira, mostra com curadoria de Gaudêncio Fidelis, em Porto Alegre, sentimos a necessidade de tomar uma posição urgente frente à questão. A polêmica atitude institucional do Santander Cultural, patrocinador e promotor da exposição, abriu um precedente histórico para a repressão às artes e à cultura no Brasil e nos revelou de que maneira o silenciamento e a opressão podem assumir um caráter institucional e ameaçar os espaços conquistados, de modo legítimo, por artistas, curadores, intelectuais e minorias. Esse episódio explicita um tensionamento de forças que transcende o campo artístico. Não está em questão a capacidade técnica dos artistas; se aquilo que eles fazem é, ou não, arte ou se o tema da exposição está bem representado por seus artistas. Entendemos que o debate não se circunscreve no escopo da exposição, mas se desloca para o terreno lodoso da moralidade e da ética, levando as artes para uma batalha que ela já vencera desde o século 19, quando os artistas começaram a romper com o gosto estabelecido. Mais do que censura à expressão artística, o fechamento da exposição em Porto Alegre instaurou um procedimento que abalou um sistema estabelecido de apoio institucional às artes, mostrando o poder de grupos conservadores organizados e servindo de alerta para o que pode estar por vir. Nós precisamos refletir sobre a maneira como a censura e a repressão se inscrevem em contextos ditos democráticos e de que modo as artes e a cultura estão, de algum modo, ameaçadas por tal procedimento. Sentimos, então, que é hora de debater. Não se trata de lamentar a situação ou jogar conversa fora, mas empoderar os questionamentos, exercer – até mesmo como manifesto – a liberdade de expressão. Vamos construir novos pensamentos a partir dos comentários de pessoas com muito a contribuir, e discutir temas como as questões de identidade, representação, gênero e ideologias, como isso aparece em relação às artes e como essas questões são absorvidas ou recusadas no campo do marketing cultural e das instituições. ____________________ Sobre o evento Tempos Temerários é um projeto de Abilio Guerra e Giovanni Pirelli, produzido pela equipe do Marieta, que visa ser um momento de debate sobre temas da atualidade, como um laboratório permanente para pesquisar técnicas, ações e ideias de resistência e transformação politica, social e cultural. Como sempre em nossa programação gratuita, a geladeira self-service estará a disposição com cerveja, sucos e alguns, simples, quitutes. Lembrem-se, ainda não aceitamos cartões. As vagas são limitadas, mas será possivel acompanhar o evento ao vivo em nosso site projetomarieta.com e no Facebook. Caso queira participar ao encontro, por favor acesse o link abaixo e faça a sua inscrição: https://goo.gl/forms/OXeJvhCEWUhn3CxH3 ____________________ Textos dos tempos temerários Recentemente, artistas e intelectuais têm se expressado vigorosamente contra estas práticas de censura e demonização da arte. Abaixo, uma breve seleção de textos publicados no portal Vitruvius e em outros meios de comunicação. BRUM, Eliane. Gays e crianças como moeda eleitoral. El País, Madri, 18 set. 2017 <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/18/opinion/1505755907_773105.html>. COLI, Jorge. Erotismo em tempos de cólera e boçalidade. Drops, São Paulo, ano 18, n. 120.04, Vitruvius, set. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/18.120/6703>. GUERRA, Abilio. Notícias dos tempos temerários. Resenhas Online, São Paulo, ano 17, n. 189.04, Vitruvius, set. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/17.189/6706>. LIRA, José. Tempos sombrios. Drops, São Paulo, ano 18, n. 121.01, Vitruvius, out. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/18.121/6713>. LUZ, Afonso. Lygia Clark: todo bicho tem articulações. Drops, São Paulo, ano 18, n. 121.03, Vitruvius, out. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/18.121/6719>.