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audição #02: a nova música latina dançante


curadoria: leonardo vinhas

somos todos latinos. ou será que não? são tempos esquisitos esses, nos quais “latino” é rótulo de mercado, designação étnica imprecisa, bravata vazia de origem ou insulto velado. mas ok, aceitemos que “latino” pode encampar uma vasta gama cultural dos países de hablaespana e, para efeitos dessa mesma brincadeira, esqueçamo-nos de que português, italiano e francês também são idiomas latinos. vamos pensar só na(s) linguagem(s) falada(s) por nossos vizinhos e outros países próximos.

se é verdade que o brasileiro tem samba no pé, é igualmente correto dizer que os vizinhos tem ginga em todo o corpo. sem querer ficar em tolices de quem tem mais suingue ou não, o fato é que qualquer possível preconceito com a música “latina” cai por terra quando se descobre o óbvio: que o universo cancioneiro e rítmico da américa do sul vai além do tango-pra-turista e da salsa-pra-xaveco.

e uma relação promíscua e incestuosa, musicalmente. estilos antigos encontram seu espaço em estéticas modernas, há o novo que tem maior relevância quando se relaciona sem pudores com o velho, há o velho que se revitaliza quando abusa do que é mais moderno. e no meio dessa intensa troca, fronteiras viram apenas referências geográficas, pois a aproximação e mistura entre os gêneros e formas de cada país parece ser infinita e irrestrita.

assim, é bastante difícil usar tanta variedade cancioneira como mapa musical. mas é possível empreender muitas viagens, impulsionadas pela mente ou pela cintura, pelos pés ou pela respiração consciente. o importante é que não se endureçam ouvidos nem corações.

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